quarta-feira, 6 de março de 2013

História da Quaresma


  Até ao século III, não havia o período de preparação para a Páscoa a que chamamos Quaresma. Vivia-se em tempos de perseguição e martírio, em penitência quotidiana. A preparação pascal resumia-se a dois dias de jejum. Os primeiros cris­tãos davam maior importância ao tempo pascal, desde a Res­surreição ao Pentecostes.
  Só no século IV se começa a viver a Quaresma, compreen­dendo sete semanas de preparação. O Concílio de Niceia (ano 325) faz a primeira referência à Quaresma.
  A grande tónica desta preparação era sem dúvida baptis­mal, ou seja, catequese, escuta da Palavra, oração, que prepa­rava os catecúmenos para o Baptismo a receber na Vigília da Páscoa que, segundo Santo Agostinho, é a mãe de todas as Vigí­lias. Assinalava-se de modo particular a quarta e a sexta-feira, que eram passadas em penitência e oração.
  Dois séculos mais tarde, começa a dar-se grande impor­tância às celebrações dos Santos, a quem são dedicadas as Estações da Quaresma. Começa-se a perder o sentido original, mais penitencial e litúrgico, da grande caminhada para a Páscoa.
  Foi, contudo, permanecendo a ideia e a prática do jejum, mas baseada numa legislação que parecia dar mais importância à casuística externa do que à conversão interior.
  O Concílio de Trento vai prescrever que a Quaresma seja tempo de grande Pregação da Palavra para catequização do Povo de Deus. A Palavra levará à conversão e à recepção dos sacramentos. Conduzirá a uma vida mais evangélica.
  O Concílio Vaticano II, com a sua maravilhosa reforma litúrgica, suprimiu quase todas as festas dos Santos no tempo quaresmal, determinou novas leituras para a liturgia diária, enriqueceu o ritual da penitência, das celebrações penitenciais, e deu orientações pastorais e espirituais para a Quaresma, sem esquecer o sentido do jejum, da abstinência, da caridade, etc.

Dário Pedroso, S. J.,Caminho de Libertação, 3.ª edição, revista, Editorial Apostolado da Oração, Braga, 2008, págs. 11-13


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