A Democracia não se resume nas eleições, mas tem nelas um pilar e a
partir delas é tomado um rumo para cada país, região ou cidade.
Os cristãos não podem ficar alheios a este acontecimento maior da
Democracia. Como referia Winston Churchill: a
democracia é um regime muito imperfeito. É mesmo o pior regime… com excepção de
todos os outros. Portanto, não é o Reino dos Céus, no entanto nesse
regime podemos e devemos começar a construir o Reino.
O respeito e a enorme gratidão por aqueles e aquelas (incluindo muitos
cristãos, com base na sua fé) que, ao longo da História, deram a sua vida para
que, hoje, pudéssemos exercer conscientemente e em liberdade o direito de votar,
são motivos mais do que suficientes para dizermos “presente!” nas urnas.
Portugal está a dois dias da realização de mais um acto eleitoral,
desta feita de âmbito legislativo. Importa, em consciência (fundada e bebida em
Deus), cada um/a fazer a sua opção.
A consideração pela vida (bioética), desde a concepção até à morte
natural, e pela dignidade da pessoa humana (justiça social e bem comum), com a
opção preferencial pelos mais pobres, desprotegidos e sem voz, são bússolas que
têm que guiar quem se diz cristão.
Temas candentes na sociedade portuguesa, como as questões da família,
da vida humana, a migração, os refugiados, os excluídos, o futuros das pensões
e da segurança social, o combate à pobreza, o ensino, o (des)emprego, são
vitais para a reflexão sobre em quem votar. Mas nunca deixar de o fazer.
Haverá algum partido/coligação que consiga conciliar os Princípios (bem
comum, destino universal dos bens, subsidiariedade, participação e solidariedade)
e Valores (verdade, liberdade, justiça e caridade) da Doutrina
Social da Igreja (DSI)? Dificilmente, contudo há que discernir.
Ser cristão não é ser de Esquerda ou de Direita. No caso concreto dos
católicos, a Igreja baseia-se nas Sagradas Escrituras e na Tradição (primeiros
cristãos, DSI) e não em ideologias, pugnando por um “humanismo integral e
solidário”.
As encíclicas Laudato
si´ (Papa Francisco) e Caritas
in Veritate (Bento XVI), e a exortação apostólica Evangelii
Gaudium (Papa Francisco) são os exemplos mais recentes da DSI com
preocupações pela Pessoa, Natureza e Bem Comum. Estes documentos são profundas
reflexões teológicas e antropológicas sobre o devir humano.
Paralelamente, além dos sítios web
dos partidos/coligações, podemos descobrir informação em meios de comunicação sobre
as propostas eleitorais e assuntos afins:
Guia
eleitoral (Observador); Programas
eleitorais e 12 ideias para Portugal
(Público).
Concluímos esta breve opinião com a sugestão de leitura de dois textos
para ajudarem a discernir na escolha do voto: um escrito pelo Presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz (Pedro
Vaz Patto), Ética
da vida e Ética social, e o outro por Maria Clara
Lucchetti Bingemer (Teóloga da Universidade do Rio de Janeiro), Eleições:
Escutar o silêncio.
Sérgio Almeida
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