sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Eleições: a Pessoa em primeiro lugar.

A Democracia não se resume nas eleições, mas tem nelas um pilar e a partir delas é tomado um rumo para cada país, região ou cidade.
Os cristãos não podem ficar alheios a este acontecimento maior da Democracia. Como referia Winston Churchill: a democracia é um regime muito imperfeito. É mesmo o pior regime… com excepção de todos os outros. Portanto, não é o Reino dos Céus, no entanto nesse regime podemos e devemos começar a construir o Reino.
O respeito e a enorme gratidão por aqueles e aquelas (incluindo muitos cristãos, com base na sua fé) que, ao longo da História, deram a sua vida para que, hoje, pudéssemos exercer conscientemente e em liberdade o direito de votar, são motivos mais do que suficientes para dizermos “presente!” nas urnas.
Portugal está a dois dias da realização de mais um acto eleitoral, desta feita de âmbito legislativo. Importa, em consciência (fundada e bebida em Deus), cada um/a fazer a sua opção.
A consideração pela vida (bioética), desde a concepção até à morte natural, e pela dignidade da pessoa humana (justiça social e bem comum), com a opção preferencial pelos mais pobres, desprotegidos e sem voz, são bússolas que têm que guiar quem se diz cristão.
Temas candentes na sociedade portuguesa, como as questões da família, da vida humana, a migração, os refugiados, os excluídos, o futuros das pensões e da segurança social, o combate à pobreza, o ensino, o (des)emprego, são vitais para a reflexão sobre em quem votar. Mas nunca deixar de o fazer.
 
Haverá algum partido/coligação que consiga conciliar os Princípios (bem comum, destino universal dos bens, subsidiariedade, participação e solidariedade) e Valores (verdade, liberdade, justiça e caridade) da Doutrina Social da Igreja (DSI)? Dificilmente, contudo há que discernir.
Ser cristão não é ser de Esquerda ou de Direita. No caso concreto dos católicos, a Igreja baseia-se nas Sagradas Escrituras e na Tradição (primeiros cristãos, DSI) e não em ideologias, pugnando por um “humanismo integral e solidário”.
As encíclicas Laudato si´ (Papa Francisco) e Caritas in Veritate (Bento XVI), e a exortação apostólica Evangelii Gaudium (Papa Francisco) são os exemplos mais recentes da DSI com preocupações pela Pessoa, Natureza e Bem Comum. Estes documentos são profundas reflexões teológicas e antropológicas sobre o devir humano.
 
Paralelamente, além dos sítios web dos partidos/coligações, podemos descobrir informação em meios de comunicação sobre as propostas eleitorais e assuntos afins: Guia eleitoral  (Observador); Programas eleitorais e 12 ideias para Portugal (Público).
Concluímos esta breve opinião com a sugestão de leitura de dois textos para ajudarem a discernir na escolha do voto: um escrito pelo Presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz (Pedro Vaz Patto), Ética da vida e Ética social, e o outro por Maria Clara Lucchetti Bingemer (Teóloga da Universidade do Rio de Janeiro), Eleições: Escutar o silêncio.
 
Sérgio Almeida

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