A Quaresma é, no essencial do seu
dinamismo espiritual e litúrgico, o tempo da conversão. E esta deve ser
entendida no sentido paulino da metanóia,
ou seja, da mudança radical que englobe a conversão da maneira de pensar, de
sentir, de agir, de querer, de amar. Conversão aos critérios evangélicos mais
puros e radicais para viver à maneira do Senhor Jesus Cristo.
«Convertei-vos»
foi o primeiro anúncio de Jesus Cristo, a primeira proclamação da Boa Nova.
Converter-se aos critérios das Bem-aventuranças, às exigências da pobreza,
serviço, humildade, despojamento evangélico. Mudanças dos critérios mundanos,
por vezes quase pagãos, do ódio, da vingança, da vaidade, dum mundanismo de modos de ser, para viver a Vida de
Cristo Jesus. Mudança do carnal para o espiritual, do material para o divino,
do natural para o sobrenatural, do puramente humano ao plenamente cristão.
E
a grande conversão quaresmal deve consistir na conversão ao
amor. Rasgar os corações ao longo da Quaresma para que, na Sexta-Feira Santa,
ao contemplar o soldado a trespassar o lado do Senhor, o nosso coração já
esteja aberto pelo esforço da conversão à vida da caridade verdadeira. Se a
santidade é o amor, se a perfeição da lei é a caridade, a grande conversão é ao
amor.
Dário Pedroso, S. J.,Caminho de Libertação, 3.ª edição, revista, Editorial Apostolado da Oração, Braga, 2008, págs. 14-15
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