Realizou-se no
passado dia 16 de novembro, em Coimbra, o I EncontroNacional dos Leigos (doravante designado Encontro), organizado pela
Conferência Nacional de Associações de Apostolado dos Leigos (CNAL).
Segundo dados,
gentilmente cedidos pela organização, participaram umas 400 pessoas, próximo da
lotação do Auditório doConservatório de Música de Coimbra – local do Encontro-, embora as
inscrições tenham chegado às 320. Entre Movimento e Associações, estavam
presentes entre 35 e 40, além de muitas presenças individuais sem inserção
naqueles.
Podemos verificar
a diversidade de idades, equilíbrio entre homens e mulheres e diferentes
proveniências geográficas e sociais. Foi uma Igreja verdadeiramente Universal
(=Católica) que ali esteve presente.
O tema do
Encontro era sobre a “Cultura do Encontro na Igreja e no Mundo Contemporâneo”.
Sustentava este
tema uma frase do Papa Francisco: Precisamos
de edificar, criar, construir uma cultura do encontro.
A estrutura, os
subtemas, os grupos de trabalho e os participantes poderão ser consultados na
nesta hiperligação
(folheto do Encontro).
Constatamos um
frenesim, uma muita boa disposição das pessoas, aguardando com expectativa este
Encontro. Quem esteve presente acabou por fazer história, dado ser o 1.º
Encontro do género. Ainda para mais com a frase desafiante supracitada do Papa
Francisco, que serviu de mote ao Encontro.
A intervenção
inaugural ficou a cargo de Alexandra Viana Lopes, Presidente do Conselho Nacionalda CNAL.. Destacamos das suas palavras, as referências à Gaudium et Spes, com relevo para a fidelidade ao Evangelho e à promoção da Justiça
Social, o fundamento em
Jesus Cristo , a necessidade de mais amor e mais bondade.
Sustentou as suas afirmações, com citações de Simone Weil
(na forma como falam das coisas terrenas
é que vejo é que vejo como é a relação dom Deus) e de JoséMattoso, extraídas da sua intervenção (“Sabedoria e Fraternidade”), em junho de 2011, nas jornadas
da Pastoral da Cultura: temos alguma coisa
a dizer ao mundo.
Seguidamente
houve um momento de cultura – de início, não previsto no programa -, com a
atuação do Coro de D. Pedro de Cristo, sediado na cidade anfitriã. Foram interpretadas quatro obras.
Encontro eclesial para o reencontro do mundo
D.Manuel Clemente, Patriarca de Lisboa e Presidente
da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), versou
sobre o tema em
destaque. Salientou que o encontro é uma “indubitável
necessidade humana” e que “o outro é contraste e desafio”. Lamentou-se por a
“realidade portuguesa ser mais um desencontro do que um encontro (família,
política, sociedade)”.
Não escondendo a
sua “costela” de historiador, D. Manuel deu-nos uma abordagem do encontro ao longo dos tempos históricos.
Recordou as comunidades cristãs primitivas, onde estas nasciam da
relação/encontro com Deus, Jesus Cristo e o Espírito. O encontro de Jesus com o
Homem foi a sua Encarnação. Segundo este responsável da CEP, a “cultura vigente
é de anti-encontro”. Não deixou de frisar o papel da Ação Católica em Portugal,
a qual, nos anos setenta era fonte agregadora e, portanto, de encontro de
centenas de milhares de portugueses.
As realidades
sociológicas alteraram-se muito nas últimas décadas e “o encontro passou a ser
casual e hipotético”.
Quanto ao papel
dos leigos, o Patriarca lembrou a ChristfidelesLaici (“sobre a vocação e missão dos leigos na Igreja e no Mundo”), Exortação
Apostólica
Pós-Sinodal de João Paulo II, onde assumem um papel de relevo e importância.
Pós-Sinodal de João Paulo II, onde assumem um papel de relevo e importância.
D. Manuel referiu
algo que é de salientar e que, talvez resuma, um grande problema pastoral com o
qual a Igreja em Portugal (leigos e clero) se vai debater: “a recomposição da
comunidade cristã”. Vivemos num “mundo mais urbanizado e sem rosto”, por isso
necessitamos “de um empenhamento
missionário cristão”.
Somos do entender
que a intervenção de D. Manuel Clemente foi tão esclarecedora e tocante nos
pontos essenciais que merecem grande atenção de todos que se envolvem em/na
Igreja, que não podemos deixar de elencar estes pontos/critérios de
discernimento e de eclesialidade:
- O mais primário é a vocação à santidade: qualquer
pessoa, qualquer movimento.
- Eclesialidade dos movimentos: confessar a fé católica
para dialogar, dizer o que nos move e ouvir.
- Testemunho de comunhão sólida e convicta entre os
leigos / movimentos.
- Conformidade e cooperação na finalidade Apostólica da
Igreja (“Corpo Vivo”).
- Empenho na presença na sociedade humana (Doutrina Social da Igreja – DSI –
e dignidade da pessoa humana): urgência atual.
Como um bom
exemplo relativamente ao ponto 4, referiu o Apostolado da Oração que, desde o
século XIX, “tem um frutuoso trabalho de apostolado, de oração e de encontro
com Cristo”.
Sobre a DSI, ou
Pensamento Social Cristão, focou 4 critérios fundamentais:
- Dignidade da Pessoa Humana (“Jesus
Cristo detêm-se junto de cada homem e mulher”).
- Bem Comum (“desenvolvimento integral de cada
um dos membros da sociedade”).
- Subsidiariedade (“ninguém substitui ninguém;
cada um faz a sua parte”).
- Solidariedade (“pensar nos outros, não ficar em mim”).
A finalizar, deixou um desafio:
- “Encontros assumidos a partir de diversas conexões pessoais e de grupos para Servir o Evangelho e a Igreja”.
- “Encontros assumidos a partir de diversas conexões pessoais e de grupos para Servir o Evangelho e a Igreja”.
E lembrou um
autor do século II:
- “Quando os
outros nos (cristãos) ouvem falar no amor aos inimigos ficam admirados, mas
quando veem irmãos a odiarem-se ficam espantados”.
De seguida, teve lugar um debate entre um grupo de leigos e o próprio D. Manuel Clemente. Abordaram-se diversas questões, entre elas: “Que passos os movimentos podem dar para o contributo de uma Igreja/Comunhão?” e “Como a Igreja se pode preparar quem tem andanças e num contexto de fé?” e “espiritualidade e profundidade”.
No final deste
debate e antecedendo o tema seguinte, deu-se o segundo momento cultural do
Encontro, com a atriz DanielaVieitas (ex-voluntária dos Leigos para oDesenvolvimento) a dramatizar o conto “Estamos juntos”,
do P. Nuno Tovarde Lemos, S. J.
Encontro como Experiência de Missão
Este painel
juntou leigos e voluntários de 3 projetos distintos: “Missão País”; “Juntos
pela Europa” e “Plataformas pela Vida”.
Os representantes
de cada projeto, em alguns minutos, explicaram os objetivos e as ações de cada
um.
O “MissãoPaís” visa “levar Deus à Universidade”, sendo um projeto de e para
universitários. Divide-se em missão interna, externa e pessoal. Os jovens
voluntários são oriundos de vários centros universitários, detendo diferentes
espiritualidades: Companhia de Jesus, Equipa de Jovens de Nossa Senhora,
Franciscanos, Opus Dei, Verbum Dei, entre outros.
Como o nome
indica espalham a fé pelo país, quer nas Universidades onde estudam, quer
juntos dos que mais sofrem, com uma enorme Paixão por Jesus Cristo, sem
qualquer distinção de condição social, ideológica ou religiosa.
Por seu turno, o
“Juntos pela Europa”
pretende a união fraterna pela Europa, através da reconciliação entre católicos
e evangélicos e da renovação espiritual e social do continente. São cerca de
250 movimentos de diferentes confissões cristãs. Destes, 13 estão sedeados em
Portugal.
Há 7 sins a unir
esta plataforma:
- À vida
- À família
- À criação
- A uma economia justa
- À solidariedade
- À paz
- À responsabilidade para com a sociedade
O “Manifesto 2012” do “Juntos pela Europa”
foi elaborado no sentido da “necessidade de uma Europa mais unida” (os cristãos
em particular), de um “sim à economia justa, de rosto humano e próxima das
pessoas”.
Por último, o
movimento “Plataformas
pela Vida”, como o nome indica, está unido em defesa da vida (ponto
comum entre cristãos). A oração é uma das suas “armas”, através do sítio http://www.oracaopelavida.org/.
Após o 1.º
referendo sobre o aborto, em 1998, surgiu a necessidade de criar movimentos,
sempre na crença do poder da oração.
Uma das
associações, a Associação deapoio à vida (ADAV), presta apoio às mães, apoio jurídico, apoio social e psicológico.
Entretanto, elaboraram um Manualde bioética para jovens.
Ainda no âmbito
das “Plataformas pela Vida”, interveio a Federação Portuguesa pela Vida,
relatando a sua experiência a vários níveis: intervenção política; movimentação
civil dos cristãos; participação de crentes e não crentes com posições comuns
sobre esta matéria; geração de experiência de Igreja; beleza da unidade com os
Evangélicos e a dificuldade em mobilizar o povo, mesmo o cristão.
Encontro como resposta às necessidades mais
urgentes
Da parte da
tarde, o Encontro dividiu-se por 6 grupos de trabalho (GT), com as seguintes
temáticas:
- A defesa e a promoção da vida.
- A promoção da dignidade do matrimónio e da família.
- A conveniente promoção do progresso cultural.
- O desenvolvimento económico-social.
- A participação na comunidade política.
- A promoção da paz e a comunidade internacional.
O Fé eCidadania esteve presente no GT
5 (A participação na comunidade
política), sob a coordenação de Filipe Anacoreta Correia e
RaquelAbecassis.
Foram convidados
para participar no debate AntónioMaria Pinheiro Torres, advogado,
filiado no Partido Social Democrata (PSD) e
ex-deputado por este partido, na legislatura anterior, e Pedro Pimenta Braz, filiado no Partido Socialista,
ex-autarca e, atualmente, Inspetor-geral da Autoridade para as Condições de Trabalho.
Antes do início
do debate entre estes dois políticos assumida e vivencialmente católicos, deram
o seu testemunho: Armando
Lopes do MovimentoFocolares, José Augusto Gomes Paixão coordenador da Liga Operária Católica/Movimento deTrabalhadores Cristãos (LOC-MTC) e Pedro Morais Vaz do Movimento Schoenstatt e militante da Juventude Popular (JP).
Há três
princípios que subsistem no MPPU (“mas foi Jesus Cristo que os inventou”):
- “Amar o partido alheio como o próximo”;
- “Fazer-se um com o outro”;
- “Ouvir o adversário com atenção e sem preconceito”.
José Augusto Gomes Paixão abordou as suas
origens e o seu passado em meio rural, onde viveu e sentiu na pele, com a
família, a exploração de uns quantos sobre uma maioria, a sua pertença a
diferentes movimentos da Igreja, em particular os ligados ao meio rural e ao
movimento operário.
Referiu que a
LOC-MTC é um movimento especializado da AçãoCatólica, por isso seguem o ver,
julgar, agir. O essencial da sua atuação é o “respeito pela pessoa humana e
sua dignidade”, tendo elementos em Sindicatos, Cooperativas, Comissão de
Trabalhadores, Comissão de Utentes, entre outros.
Para o
coordenador da LOC-MTC, militantes e trabalhadores cristãos, todos são
importantes. Mencionou a motivação do Papa Francisco pelos mais pobres: “Não
deixemos que nos roubem a esperança”, Carta Encíclica Luz da Fé, n.º 57.
Pedro Morais Vaz, começou a sua intervenção
afirmando: “Faz-me impressão que os católicos não tenham nada a fazer”. Para
ele, a Pessoa humana é o “fundamento e o fim”. A sua escolha partidária, após
reflexão, acabou por recair no Centro DemocráticoSocial (CDS). Neste partido pertence à Juventude Popular, onde já contribuiu
com diferentes trabalhos.
Entrando na fase do debate, Raquel Abecassis,
proferiu algumas afirmações, ao jeito de constatações:
- “Não somos tão poucos assim (católicos empenhados na
política);
- “Nós estamos em todas as áreas da política”;
- “A política é determinante para todos nós”.
A primeira
questão do debate foi :
- “Católicos
devem ou não participar na política?”:
Pedro Pimenta Braz, sem dúvidas, contra
questiona: “Como podia ser cristão/católico e passar ao lado da realidade
política?”.
Para o
socialista, a política é equivalente a cidadania.
“É um paradoxo um cristão não se interessar na
política”; “cristão tem que ter imensa Graça, imensa liberdade interior
(aumenta a sua assertividade)” para servir e entrar na política. “Os nossos
políticos são o espelho que nós somos (toda a sociedade, cristãos incluídos)”
foram algumas das suas afirmações como resposta à questão colocada. Terminou-a,
deixando uma outra questão: “o que é que Deus quer de mim?”. Respondeu:
“esfolar os joelhos e levantar-me outra vez.
António Maria Pinheiro Torres, encontra mais
moralismo naqueles que não pertencem à Igreja. Entende que políticos cristãos
são “mais livres porque vivem num horizonte de perdão”.
Para si, “o mais
impressionante que encontra na política partidária é o medo de perder. Aí um
cristão é mais livre”, porque tem a pertença a uma comunidade. Sugere a
necessidade de intervir por causa do Estado esmagar instituições.
Mais duas
questões foram levantadas pelos moderadores:
- “Como na vossa
vida dá-se o fazer-se sim?” e
- “Como se
entendem os católicos na política?”:
Pedro Pimenta Braz, entende serem
muito positivas a pontes com outros católicos de outras fronteiras, mas “nem
sempre consigo ver no outro o meu irmão”, afirmou.
“Capacidade de
discernimento com outras ideologias, desde que respeitadoras da Doutrina Social da Igreja. A todo o
momento e caso a caso.”
“Não temos que
ter um selo na testa a dizer que somos católicos, mas, quando nos confrontam,
nós não nos podemos esconder”.
Com estas duas
declarações rematou a sua resposta às duas questões.
António Maria Pinheiro Torres disse que achava
bem as “bem aventuranças”, mas quando chegou ao Parlamento foi um choque”. Teve
que votar propostas com as quais não concordava para que não se avançasse com o
referendo sobre o aborto, no âmbito do acordo PSD/PP.
Quanto a
entendimentos entre católicos na política, declarou que criou uma grande
amizade com DeolindaMachado (Assembleia Municipal de Lisboa, CGTP,
LOC-MTC). Existe um olhar de desdém dos “grandes” sobre os cristãos, referiu.
Ambos os
políticos católicos concordaram que os “linchamentos internos” nos partidos são
frequentes.
Depois das
questões lançadas por Raquel Abecassis e por Filipe Anacoreta Correia, foi dado
ao público a oportunidade de fazer umas perguntas/partilhas:
- “Bem comum” foi um termo banido da política. É
necessário denunciar o liberalismo que cria um maior fosso entre ricos e
pobres”;
- “Dar as Graças a Deus quem está na política. Nós
erramos, por isso políticos são nosso espelho”;
- “Crise com base política. Hipótese de outras formas
de governação, sem ser com base partidária”.
Os intervenientes
no debate concluíram:
António Maria Pinheiro Torres:
“Não deixem
políticos sozinhos”.
Pedro Pimenta Braz:
“Não podemos
queixar-nos da situação política, pois existe uma crise de participação cívica.”
Encontro como resposta às necessidades mais
urgentes
Conclusões:
- A defesa e a
promoção da vida:
Área de formação:
- Necessidade de
formação a jovens, pais e avós, acentuando valores e conceitos.
- O porquê de
defender a vida e quais as características dessa atuação.
- Replicar o Manualde bioética para jovens de uma forma mais simples.
Dimensão social:
- “Não
conseguimos estar quietos com tanto sofrimento à volta”.
- Necessidade de
rede para se comunicar.
- Desconhecimento
das associações existentes.
- A promoção
da dignidade do matrimónio e da família:
- Respostas aos
desafios no cartaz.
- Um dom para
todos ficarem a conhecer, partilharem.
- A
conveniente promoção do progresso cultural:
- “O que falaram
dava para um Congresso, com base na Gaudium et Spes”.
- Falaram de
experiências concretas.
- Contentes por
se conhecerem.
- Dimensão da Fé
e esplendor da Beleza.
- O
desenvolvimento económico-social:
- Partilhas
emocionadas.
- “Empresário tem
missão de representar Jesus Cristo na empresa”.
- “Trabalho justo
e digno é que promove progresso”.
- “Igreja pode
ser vista dentro de uma empresa, como uma igreja laboral”.
- “Precisamos da
CNAL, dos Operários, dos Empresários, dos Investigadores por causa da questão
do desemprego”.
- A participação
na comunidade política:
- Deficit de participação política a
vários níveis (depende presente e futuro).
- Não há um só
caminho legítimo na política, conforme DSI.
- Necessidade de
maior mobilização.
- Necessidade de
formação em diferentes áreas para uma participação política mais consistente.
- Necessidade dos
políticos serem acompanhados (católicos precisam de apoio).
- A promoção
da paz e a comunidade internacional:
- Conhecimento de
projetos concretos.
- Não perder
horizonte global.
- Necessidade de
cidadania global.
- Desigualdades
sociais.
- Trabalhar em
Comunidade e combater individualismo.
- Visão global,
mas com pés assentes na terra. Lidamos com pessoas concretas.
- Necessidade de
liderança servidora.
- Gerir a
diversidade.
- Respeito pela
Criação e pelo Bem Comum.
Eucaristia:
O encerramento do Encontro deu-se através da celebração da Eucaristia, presidida pelo presidente da ComissãoEpiscopal do Laicado e Família (CELF), D.Antonino Eugénio Fernandes Dias, coadjuvado por mais dois sacerdotes.
E agora?
Foi a pergunta
que nos ocorreu, após o final do Encontro, e que se mantém ao fazer o resumo
daquilo “vimos, ouvimos e lemos”.
Tal como
mencionamos no início deste texto, havia uma grande expetativa por ser o I
Encontro, existia uma grande diversidade de participantes e os temas em
discussão eram bastante transversais.
Mas foi um
Encontro, uma horas juntos, fraternalmente a partilhar, a sonhar, a idealizar,
a questionar. No entanto, sobram mais 364 dias até – esperamos - ao II
Encontro. O que fazer durante esse longo período, mormente num contexto
nacional de profunda crise económico-financeira, social e política, tendo por
base uma profunda crise moral e de valores, sejam eles a que níveis forem.
Deixamos algumas
constatações e questões, que pensamos serem pertinentes no âmbito do papel do
Leigos na Igreja e na Sociedade:
- Há encontro
na Igreja?
Neste sim, mas no
restante da Igreja?
- Há encontro
no Mundo contemporâneo?
Diversas
participações deram fortes esperanças de uma cultura de encontro interno dentro
da própria Igreja e desta com o mundo contemporâneo, em várias áreas da
sociedade e do saber. Contudo, a tendência de desencontro marca profundamente a
nossa sociedade (não só a portuguesa), muito baseada no individualismo, no
materialismo e no indiferentismo.
- Foi mais do
evidente a necessidade de leigos ativos e empenhados.
Jesus Cristo
afirma “a messe é grande, mas os operários são poucos” (Mt 9,37). Diversos
documentos da Igreja apelam à participação dos leigos, numa perspetiva de
“direitos”, mas também de “deveres”. Ultimamente, o Papa Francisco tem
sublinhado frequentemente a urgência da envolvência dos leigos na Igreja e na Sociedade.
Assim estejamos à altura.
- A igreja não
está morta. Existe muita diversidade de dons.
- Na crise que
vivemos em Portugal, mas também na Europa, e, por reflexo, numa parte
significava do Mundo, o que cada um e em comunidade pode e deve fazer?
Pensamos que, no imediato, urge socorrer os que mais
sofrem como resultado da dita crise (desemprego, emprego precário e pouco
respeitador da dignidade da Pessoa Humana; cuidados de saúde mais caros,
atribulações no ensino; fome; problemas de auto-estima: desagregação familiar). Contudo é preciso continuar a ajudar todos os outros
que já estão continuamente em sofrimento (presos, doentes, velhos, imigrantes
sem papéis, sem-abrigo, quem sofre violência: doméstica, sobre as crianças e os
velhos, toxicodependência, entre outros), com
respostas concretas: roupas, comida, ajuda na procura de trabalho, palavras
encorajadoras, ombro amigo, ajuda financeira nos casos extremos para que não se
falhem os compromissos da casa, dos serviços básicos. Com certeza que requer
“coração”, mas, de igual forma, “razão” para que haja discernimento,
coordenação e se chegue a quem mais precisa. É essencial trabalhar em
comunidade.
Depois, numa vertente mais “teórica”, e numa perspetiva de longo prazo, mas começando já,
denunciar as estruturas económicas,
financeiras, políticas e sociais que criaram e agravam a crise. Há que
lutar pelo Bem Comum (termo tão caro na DSI e que, D. Manuel Clemente, não
deixou de frisar), sem complexos de qualquer ordem. Ainda por estes dias, no
rescaldo da edição da Exortação Apostólica EvangelliGaudium (A Alegria do Evangelho),
alguém da nata da alta finança mundial dizia que este documento, e,
consequentemente, o Papa era de cunho marxista.
Quando lutamos
pela Vida (seja na criação, seja no fim dela) também nos alcunham, mas desta
feita, como reacionários. Não temos, nem podemos ter medo dos rótulos que nos
colocam. A DSI não segue, nem se verga a ideologias. Para si, o essencial é o
Ser Humano e a sua Dignidade.
Por isso, a
Igreja (no sentido de Povo de Deus) tem que lutar pela vida TODA: biológica,
mas, de igual modo, social, económica, política, cultural, social.
Para além da
denúncia sem medo (Jesus, comummente nos diz: “não tenhais medo”), temos que anunciar a Boa Nova de Nosso
Senhor Jesus Cristo, que “traduzida” para uma linguagem atual, sem a
desvirtuar, significa: Fraternidade; Justiça Social; estar junto das periferias
e das margens (tema tão querido ao nosso Papa Francisco); Amor; Fé; Esperança,
respeito pela Criação e pela Natureza; vidas mais despojadas para que haja o
essencial para todos; Diálogo Ecuménico e Inter-religioso; Dialogo com as Artes
e a Cultura e o Mundo Contemporâneo, no geral.
Como afirmou LucianoManicardi (Comunidade Monásticade Bose), na Semana Social de 2012, que se
realizou no Porto, conferenciando sobre “Acaridade, essência do ser Igreja”:
É o momento de, na Igreja, saber declinar-se
historicamente a fé como resistência, como capacidade de dizer “não” para
salvar o grande “sim” não negociável ao Evangelho e ao direito dos pobres, à
pessoa do pobre. O tempo da crise é por isso, um tempo de ação responsável dos
crentes que sabem dar o nome às obras dos malvados e sabem também opor-lhes
resistência, ou seja, com a sua ação responsável. No trecho dos Efésios, ocorre
por três vezes a oposição “não... mas” (Ef. 5,16.17.18) que indica a oposição do
cristão à mundanidade, aos modos da mundanidade, porquanto estes possam parecer
vencedores. É preciso um esforço de discernimento para se deixar guiar por
aquilo que é agradável ao Senhor, pelo Evangelho. É preciso vigiar, estar
atentos, lúcidos, críticos. Os dias maus são a ocasião para viver o Kairós, o momento presente, e vivê-lo
manifestando a diferença cristã.
Por fim, os agradecimentos
à CNAL a cedência dos dados referentes à participação no Encontro e a
autorização para publicar as fotografias
e os vídeos que o Fé e
Cidadania teve oportunidade de tirar e gravar, respetivamente. Nestas hiperligações
encontrarão outras fotos e as gravações que não carregados no blogue.
Sem comentários:
Enviar um comentário